O aparelho respiratório pode
sofrer alterações anatómicas e funcionais, que variam de amplitude, porém são
inerentes ao processo normal e natural do envelhecimento, não devendo ser
avaliadas como factor isolado.
Vários factores podem afetar a
função pulmonar, sendo, frequentemente, agravantes do processo de
envelhecimento, tais como o tabagismo, poluição ambiental, exposição
profissional, doenças pregressas pulmonares ou não, diferenças socioeconômicas,
constitucionais e raciais.
A frequente associação com outras
enfermidades, principalmente as de caráter crônico-degenerativas, faz com que
os idosos apresentem maior comprometimento da função pulmonar. A redução dos
parâmetros funcionais do idoso sadio, de acordo com vários autores, é da
grandeza de aproximadamente 20%, Cassol (2004).
Alterações estruturais do Sistema
Respiratório
Entre as principais alterações
fisiológicas do aparelho respiratório destacam-se:
- Perda das propriedades de
retração elástica do pulmão;
- Enrijecimento da parede
torácica;
- Diminuição da potência motora e
muscular.
Para Freitas et al (2002),
alterações da elasticidade, da complacência e dos volumes pulmonares,
decorrentes das mudanças do tecido conectivo pulmonar, da redução de massa
muscular e da acentuação da cifose fisiológica, são descritas como fatores
limitantes na terceira idade. Estes fatores podem frequentemente comprometer a
reserva funcional dos idosos, tornando-os sintomáticos. As propriedades
mecânicas do pulmão do idoso estão fisiologicamente alteradas quando comparadas
com as do adulto jovem.
Pulmão
A maior alteração encontrada no
pulmão senil é a diminuição do tamanho da via aérea, principalmente associado
às alterações do tecido conectivo de suporte. O estreitamento de bronquíolos, o
aumento dos ductos alveolares e o achatamento dos sacos alveolares são
resultantes das alterações nas concentrações de elas tina e colágeno observados
no envelhecimento.
No interstício pulmonar, as
fibras elásticas, o colágeno e a musculatura lisa desempenham importante papel
na tensão elástica pulmonar, podendo também sofrer influências do volume
sanguíneo pulmonar e do muco brônquico.
No pulmão senil, o aumento do
volume de ar nos ácinos decorre do aumento do volume de ar nos ductos
alveolares, levando ao que chamamos de ductectasias, sendo considerado como
urna alteração fisiológica, não constituindo enfisema pulmonar propriamente
dito.
A redução do número e da
atividade das células mucociliares, do epitélio de revestimento brônquico leva
a maior dificuldade do clareamento das vias aéreas, predispondo a maior
incidência de infecção nesse grupo. As alterações anatômicas, em combinação com
a reorientação das fibras elásticas, podem ocasionar as seguintes alterações
fisiológicas na senescência: redução da elasticidade pulmonar, aumento da
complacência pulmonar, redução da capacidade de difusão de oxigênio, fechamento
prematuro de vias aéreas, fechamento de pequenas vias aéreas, redução dos
fluxos expiratórios.
Parede Torácica
O enrijecimento do gradeado
costal é a principal alteração fisiológica do envelhecimento associado à parede
torácica, podendo ser atribuido ao processo de osteoporose e osteoartrose
senil, caracterizado por descalcificação das costelas e vértebras, ca!cificação
das cartilagens condroesternais e alterações nas articulações costovertebrais A
complacência total do aparelho respiratório no idoso esta reduzida à custa,
principalmente, do enrijecimento da parede torácica em contraposição aos
efeitos da redução da elasticidade pulmonar, ocasionando mudanças no formato do
pulmão e na dinâmica respiratória.
Músculos Respiratórios
No envelhecimento fisiológico
ocorre substituição de tecido muscular por tecido gorduroso, o que, associado
aos elevados índices de inatividade e até imobilismo, compete para a redução da
massa e da potência da musculatura esquelética, acarretando menor capacidade de
sustentar o trabalho muscular (endurance). A redução da massa e da potência
muscular é certamente fator de grande importância para o declínio da função
pulmonar e que pode ser modillcado através de programas de atividade física,
fisioterapia motora e respiratória e suplementação nutricional.
Alterações da função pulmonar
As alterações no tamanho da via
aérea e da superfície alveolar contribuem para redução do volume pulmonar útil
para as trocas gasosas e para o aumento do espaço morto. As vias aéreas servem
como conduto para gases inspirados e expirados (zona de condução), e, com o
envelhecimento, tomam-se maiores, comprometendo a eficiência das trocas
gasosas. O volume de ar inspirado contido no espaço morto aumenta de 1/3
para1/2 do volume corrente, em idosos.
A redução da complacência
torácica, o aumento da complacência pulmonar e a redução da força dos músculos
respiratórios promovem a redução da capacidade vital (CV).
A capacidade residual funcional
(CRF), que corresponde ao volume de gás nos pulmões no final da expiração, e o
volume residual (VR), que corresponde ao volume de gás nos pulmões após
expiração forçada, aumentam com a idade, enquanto a capacidade pulmonar total
(CPT) e o volume corrente (VC) pouco se alteram.
A capacidade vital forçada (CVF)
e o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEFl) reduzem com a idade,
assim como a relação VEFI/CVF (índice de Tiffeneau). Tais alterações podem ser
atribuídas à redução da pressão de recolhimento e consequente fechamento das
vias aéreas em grandes volumes pulmonares. As desordens respiratórias do sono,
a obstrução e apneias são reconhecidamente, distúrbios comuns em idosos, os
quais apresentam uma redução da qualidade e na estrutura do sono.
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