Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Patologia da coifa dos rotadores


DOENÇAS DA COIFA DOS ROTADORES

A coifa dos rotadores é um conjunto de músculos e tendões que envolvem a articulação do ombro, de extrema importância para o seu movimento.
Se o seu ombro dói, é possível que se trate de lesão ao nível dessa zona chamada coifa dos rotadores, que pode ter origem num traumatismo ou no envelhecimento da articulação.
Seja qual for a causa, existem soluções para si.

CONHEÇA O SEU OMBRO

O ombro é a região do corpo onde o braço se articula com o tronco. Do lado do braço a articulação é constituída por uma superfície óssea redonda, a cabeça do úmero. Do lado do tronco, a omoplata forma uma cavidade arredondada, a glenóide, onde a cabeça umeral se aloja.
Esta articulação forma um encaixe que permite grande mobilidade.


Os movimentos do ombro são assegurados por potentes músculos: o deltóide, que recobre a superfície do ombro e os músculos de coifa dos rotadores, mais profundos e que têm funções específicas na mobilidade.
• Uma lesão da coifa dos rotadores justifica o aparecimento de dor no seu ombro (omalgia).



Trata-se nesses casos de tendinopatia, ou seja, problema dos tendões. As causas de lesão são diversas:
- Tendinopatia simples - certos movimentos, sendo repetitivos, podem estar na origem de uma inflamação dos tendões (tendinite).
- Tendinopatia calcificante - por vezes existe a formação de depósitos de cálcio ao nível dos tendões, provocando dor, diminuição da força e da mobilidade.
- Rotura da coifa - o normal envelhecimento e por vezes traumatismos podem levar ao aparecimento de roturas parciais ou totais da coifa, que se traduzem num ombro doloroso, com menos força e com limitação dos movimentos.



AVALIAR O ESTADO DO SEU OMBRO

Antes de qualquer tratamento, um exame Médico permitirá avaliar o estado da articulação.
Além deste, outros exames de imagem (como o Rx, a ecografia, a TAC ou a ressonância magnética) ajudam a melhor determinar a causa e tipo de lesão, assim como o tratamento mais adequado à situação.

• Interrogatório Médico
O exame compreende um questionário que irá precisar há quanto tempo tem a sua dor, a sua localização, o grau de perturbação na sua vida diária, em quais momentos a dor se manifesta.




O Médico irá questioná-lo também sobre que trabalho exerce ou que desporto pratica.

• Exame Clínico
A palpação e movimentação do ombro permitirão avaliar a sua força, mobilidade e estabilidade.




• Exames com Imagem
Ao exame clínico pode associar-se um estudo radiográfico de base (Rx), completado, se necessário, com ecografia, artrografia ou ressonância magnética. Estes últimos exames têm como vantagem ver de modo mais preciso os músculos e tendões do seu ombro, se necessário.





TRATAMENTO
Após determinar a natureza da dor, o seu Médico indicar-lhe-á a melhor forma de a combater.
O tratamento será médico ou cirúrgico, ou os dois. Em todo o caso, deverá fazer certos exercícios simples e aprender a mobilizar correctamente o seu ombro.
Um atingimento ligeiro do ombro não obriga necessariamente a que seja operado.
O tratamento aliará repouso e tratamento medicamentoso (analgésicos e anti-inflamatórios, por vezes na forma de infiltração).


• Tratamento não medicamentoso




















Repouso - Ajuda a aliviar a dor. Para tal, pode ser aconselhado a andar com o braço ao peito, limitando esforços. De qualquer modo, deverá fazer estiramentos regulares a fim de evitar rigidez da articulação.


• Tratamento medicamentoso
Analgésicos e anti-inflamatórios, prescritos pelo seu Médico.

• Outros tratamentos

Electroestimulação (TENS) – a estimulação eléctrica é um método que pode ser usado para controlar as dores severas e persistentes. Os impulsos eléctricos actuam bloqueando os sinais dolorosos que provêm do seu ombro.


Ultrasons - permitem que os tecidos profundos sejam atingidos, melhorando a circulação e acalmando a dor muscular. O uso associado de creme à base de corticóides pode contribuir para diminuir a inflamação.


Infiltrações - em situações mais severas pode injectar-se corticóides e/ou anestésicos,com ou sem agentes anestésicos, ao nível da zona atingida.

















AS DIFERENTES OPERAÇÕES


Uma intervenção cirúrgica pode ser a opção no caso de insucesso de outros tratamentos.
As técnicas disponíveis actualmente permitem esperar bons resultados pós-operatórios, não sendo naturalmente isentas de riscos.

• Artroscopia:
O uso do artroscópio permite observar o interior da articulação, tratar eventuais lesões associadas, diminuir dores pós-operatórias e facilita a reabilitação imediata por evitar a abertura da articulação, com pequenas cicatrizes.
• Cirurgia a céu aberto:
Para reparar a rotura da coifa, uma cirurgia aberta é por vezes necessária. A incisão é maior que na artroscopia e a recuperação mais lenta.


DEPOIS DA CIRURGIA
Imediatamente após a intervenção, a equipa médica estará ao seu lado para acompanhar a recuperação do seu ombro. Se necessário, não hesite em pedir medicamentos contra a dor. Durante cerca de 1 mês, o repouso do seu ombro deverá ser obtido com o braço ao peito. Poderá ser necessário iniciar um programa de reabilitação, realizado pelo Fisioterapeuta. Ele irá mostrar-lhe alguns movimentos simples a efectuar para evitar a rigidez e edema (inchaço) do seu ombro.

DE VOLTA A CASA
Ao longo das consultas com o seu Ortopedista será avaliada a sua recuperação. Tal permitirá ajustar o programa de reabilitação, que poderá também cumprir em sua casa.


Seguir sempre os princípios base:

NUNCA FORÇAR
NUNCA DOER

• Recuperar a mobilidade
- Os movimentos pendulares passivos evitam rigidez.






De pé, incline-se para a frente e deixe o braço solto e descontraído.
Depois, apenas faça o seu braço oscilar como um pêndulo, em
todas as direcções. Não esqueça que ainda não são estes os
movimentos que irão permitir mexer o ombro até aos limites
máximos.














• Deve também aumentar a amplitude dos movimentos passivamente (ou seja, sem fazer força com o ombro operado) e de forma lenta.

Primeiro, deitado:




De pé:






Recuperar a Força
• Após a 3ª semana (pode variar caso a caso) são normalmente iniciados os movimentos activos, ou seja, a fazer força sozinho. Note que não são estes os exercícios de fortalecimento, feitos mais tarde e em situações especiais.























AINDA ALGUNS CONSELHOS
Poderá conservar os benefícios do tratamento desde que respeite algumas regras, evitando sobrecarregar a sua articulação.
• Durante a convalescença recomenda-se não puxar, empurrar ou levantar cargas pesadas. Certos movimentos levados ao extremo são também desaconselhados, como levar o braço acima da cabeça ou lançar um objecto.
• Corrigir certas posturas, como manter o tronco direito.
• Enquanto lê ou vê televisão, não se apoie sobre o ombro doloroso.
• Não durma sobre o lado afectado.
• Um ombro rígido e inactivo demora mais a recuperar, por isso mexa-o com frequência.

No entanto, se a dor for demasiada, deverá repousar imediatamente.

Se decidiu retomar uma actividade desportiva, mantenha em mente os seguintes princípios:
• Efectue sempre exercícios de estiramentos e de reforço muscular a fim de evitar a rigidez e a fraqueza da articulação.
• Peça conselhos a um treinador qualificado para evitar novas lesões
• Faça sempre um aquecimento adequado antes de cada exercício.

Não hesite em contactar o seu Médico se constatar o aparecimento de sinais anormais (inchaço, dor severa, febre).

Autores: Dr. Nuno Sampaio Gomes (H. G. Stº António / H. Militar Porto), Dr. José Manuel Lourenço (H. G. Stº António)









Sem comentários:

Enviar um comentário

Gostou do meu Blog? Envie a sua opinião para lmbgouveia@gmail.com