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segunda-feira, 18 de junho de 2012

Marketing na Saúde: Criar comunidades na saúde



Autor: Paulo Morais Artigo publicado no Marketing Portugal

Blogar – uma experiência terapêutica
Diversos autores defendem que para os utentes, “blogar” pode ser uma experiência terapêutica. Um profissional de Saúde pode referenciar um site na Internet a um doente com diabetes e esse mesmo site pode ter sido criado pelo profissional de Saúde ou por uma entidade credível. Embora esta acção exija investimento, é algo que se for generalizado e bem pensado poderá facilitar a vida a muitos profissionais de saúde e a muitos utentes (Cohen (2007) .
Conheço diversos casos que se aproximaram do “apoio virtual” para tentar contornar algum tipo de doença. E essa mais-valia não deve ser desprezada. Prescrever comunidades a doentes com determinadas patologias pode ser muito valioso.
Esta atitude irá fazer com que o utente tenha a Informação que precisa, 24 horas por dia, 7 dias por semana e, mais do que a informação tem “do outro lado” alguém que tenha vivido experiências similares. Este espaço pode promover a interacção entre pacientes que se ajudam entre si. Os utentes podem comentar “posts” do profissional de saúde para partilharem problemas e soluções que tenham detectado.
Já conheço o argumento de que os idosos não estão na Internet como tal, devemos também direccionar a comunicação para os seus  cuidadores.
Um simples blogue pode ser uma excelente fonte de partilha de Informação e interacção entre utente – profissional de saúde e/ou entre utentes.
Em Portugal, tendo em conta a classe médica envelhecida com 41% dos médicos com idades acima dos 50 anos, temos que precaver alguma resistência pois o número de utilizadores médicos, na Internet, só agora começa a ganhar a verdadeira dimensão todavia, outros profissionais de Saúde podem dar ( e têm dado) um contributo fundamental para o desenvolvimento da “saúde na web”.
A Internet tem o maior impacto na comunicação com o utente
Segundo Leaffer (2006),  a Internet tem provavelmente, o maior impacto na comunicação junto do consumidor de cuidados de Saúde.
A Internet está a criar grupos/comunidades de pessoas com objectivos comuns, que partilham Informação sobre Saúde, medicamentos e profissionais em qualquer altura e em qualquer lugar. A riqueza da Informação disponível na Internet veio melhorar a dinâmica entre utentes. A Informação agora está disponível a todos, da mesma forma.
Os utentes vão poder avaliar médicos, clínicas e hospitais via Internet, para o bem e para o mal. Os hospitais vão ter que se adaptar a esta conjuntura e criar espaços com indicadores sobre o mesmo, como por exemplo, cirurgias mais realizadas, índice de mortalidade, custos de hospitalização, etc (Meyer et al, 2005).
Lei da comunicação no sector da Saúde
Para finalizar, é importante referir que no Sector da Saúde em Portugal existem leis que impedem que se direccione determinada comunicação técnica para o público em geral – Os medicamentos cuja dispensa depende obrigatoriamente de receita médica só podem ser anunciados ou publicitados em publicações técnicas ou suportes de Informação destinados exclusivamente a médicos e outros profissionais de Saúde (Decreto-Lei n.º 100/94, de 19 de Abril).
Tendo em conta a quebra de barreiras na comunicação que a Internet veio criar, as organizações, publicas e privadas, têm tentado criar “guidelines” para a utilização destas soluções. A Division of Drug Marketing, Advertising and Communications (DDMAC) e algumas companhias farmacêuticas têm-se juntado para encontrar directrizes nesta área (Arnold, 2009).
Mais informação = melhor tratamento
Relativamente à questão controvérsia  sobre se a Internet torna os utentes mais informados, Leaffer (2007) assume claramente que, com o acesso à informação sobre os seus próprios diagnósticos, medicamentos e resultados de testes de laboratório, os consumidores estarão mais bem informados sobre seus planos de tratamento, estarão mais motivados e isso fará com que cumpram o tratamento prescritos contudo, não podemos ignorar o perigo da má (ou carência) de informação neste sector.
Por fim, no congresso Internacional da World Wide Web, em Madrid (in Caetano, 2010), verificou-se que em 2008, a faixa etária com maior crescimento, no que diz respeito a utilizadores de Internet, estava nos indivíduos com mais de 70 anos.
Uma investigação que reuniu especialistas de três universidades americanas (Harvard, Wisconsing-Madison e North – Western) demonstra que o uso de Internet ajuda na prevenção do envelhecimento cerebral, mantendo o cérebro activo.
O poder está cada vez mais nas mãos do utente e “guerras” como a da precrição por DCI fazem com que o utente se confunda e tenha que se responsabilizar pelo seu bem-estar.
A Internet impulsiona os utentes a procurarem alternativas e uma segunda opinião. Citando um doente brasileiro de 44 anos (in Exame, 2011) “A maioria de nós tem opiniões sobre qual Marca de carro é mais confiável mas, se somos notificados de que precisamos de um joelho artificial ou outro tipo de prótese, deixamos a decisão nas mãos do médico”.
Confiança na Saúde é indispensável
Gostava de realçar que sou defensor de um doente mais informado todavia, a relação de confiança entre utente e profissional de saúde nunca deve ser posta em causa.

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