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domingo, 23 de outubro de 2011

Implantação do PDCA na visita de enfermagem visando qualidade e redução de custos extras

Autora: Taciane Araujo Catib
Enfermeira visitadora da zona sul da São Paulo Internações Domiciliares.


■ INTRODUÇÃO

O processo de globalização vem produzindo, no mundo contemporâneo, inúmeras transformações em diferentes campos e áreas do conhecimento, exigindo tanto das grandes empresas quanto das políticas públicas – citando aqui a área da saúde - uma constante reestruturação. Nesse sentido, os recursos humanos, principal sustentação de uma organização, devem ser capacitados e constantemente aprimorados.
O desenvolvimento das pessoas nas instituições, através do incentivo à educação permanente e ao desenvolvimento de habilidades, deve ser estimulado ao máximo, com ênfase às competências gerenciais, que podem ser consideradas como o agir  com responsabilidade para cumprir as funções individuais e em grupo, baseadas no conhecimento, comprometimento, autoridade, liderança e atitude, perante a equipe de trabalho (1,2)

Isto posto, justica-se a indagação: Como reduzir custos extras e melhorar a qualidade de atendimento?
Reduzir custos extras introduzindo o gerenciamento do processo signica implementar o gerenciamento via PDCA, neste caso para que as solicitações sejam efetivas e não se tornem rotina - a menos que sejam intercorrências clínicas, como início de  ATB ou até mesmo a necessidade de um procedimento mais invasivo.
O ciclo PDCA foi desenvolvido por Walter A. Shewart, na década de 20, mas começou a ser conhecido como ciclo de Deming, em 1950, por ter sido por ele amplamente difundido. Trata-se de um método que visa controlar e atingir resultados eficazes e confiáveis nas atividades de uma organização. Padroniza as informações do  controle da qualidade, evita erros lógicos nas análises e torna as informações mais  fáceis de serem entendidas. Pode também ser usado para facilitar a transição para o estilo de administração direcionada para melhoria contínua.5

. Este ciclo é composto de quatro fases básicas: Planejar, Executar, Verii car e Atuar corretivamente.

Segundo Campos (1992:29), é implementada em seis etapas5


■ OBJETIVOS E METODOLOGIA

Este artigo procura demonstrar que o ciclo PDCA é um método ei ciente para reduzir custos extras e melhorar a qualidade de atendimento em home care. Para corroborar esta hipótese, foi produzido um estudo descritivo exploratório, com abordagem quanti-qualitativa, que buscou levantar quais os custos extras e a forma de diminuí-los a partir do ciclo de PDCA, possibilitando melhoras na qualidade de atendimento.
Para isto, foi necessário identificar em quais pacientes o custo é aumentado em relação às solicitações de materiais, medicamentos e receitas extras, dados identificados na lista de saídas registradas na empresa.
O ciclo PDCA é uma ferramenta da qualidade que visa uma tomada de decisão para alcançar uma meta desejada.3
De acordo com a literatura, estabelecemos aqui o desenvolvimento do ciclo:

1º passo: Traçar o Plano
•  Através da planilha de solicitações extras do mês de junho de 2008, resgatar quais foram os pacientes da zona sul;
•  Em visita de enfermagem de rotina, estabelecer um acordo e solicitar que todas as solicitações sejam direcionadas também a este proi ssional para que se faça um levantamento de todas as necessidades, evitando que o contato com a base seja repetitivo, provocando várias saídas e desgaste para os clientes internos e externos.

2º passo: Executar o Plano
•  Aplicar o plano durante a visita com os pacientes que i zeram solicitações extras no mês de junho/2008, explicando a importância do gerenciamento entre a casa e a empresa por intermédio do enfermeiro visitador.

3º passo: Verificar os Resultados
•  Verificar se os objetivos foram alcançados para reduzir custos e aprimorar qualidade de atendimento.

4º passo: Atuar corretivamente
•  Se o resultado estiver fora do padrão esperado, tomar ações para corrigi-los, reiniciando o ciclo e melhorando o sistema de trabalho e método.

■ RESULTADOS

Os dados foram tabelados por região, com foco na zona sul, a partir da seleção de vinte pacientes. Foram verificados os resultados positivos, ou seja, a redução do número de solicitações e saídas indevidas, o custo e o atendimento prestado.
Foram registradas 27 solicitações extras de pacientes da zona sul, totalizando um valor de R$ 8.394,31 em materiais e medicamentos extras – lançamentos identificados no sistema IWCare utilizado pela empresa.

Cada solicitação extra disparou um atendimento inicial, um atendimento de quem fez a solicitação. Alguém da farmácia separou o material e o setor de tráfego solicitou um veículo para inalizar a tarefa. Portanto, cada solicitação custou, em média, R$18,60 por hora, somados os custos dos proi ssionais envolvidos e o valor/hora do carro que efetivou a entrega. Considerando esse valor para cada solicitação, tivemos neste processo todo um custo total de R$ 8.896,51.

O plano de ação do ciclo PDCA foi aplicado junto às famílias, com explicação de sua importância. Notou-se um interesse das famílias em auxiliar no processo, pois, de um modo geral, achavam desgastante ligar com frequência na empresa para solicitarem extras e pendências.
No mês de julho de 2008, as solicitações extras da zona sul foram de 29 pacientes, sendo que dos vinte pacientes que participaram do estudo, onze tiveram novas solicitações. Porém, o foco não foi intercorrência clínica e sim procedimentos que necessitavam de trocas já pré-estabelecidas - o que reduz o valor de forma significativa.
Em agosto, o custo total de materiais e medicamentos extras foi de R$ 5.403,35.
Acrescentando o custo dos profissionais envolvidos e o valor/hora do carro da entrega, este valor passa para R$ 5.942,75.
O estudo provou que o ciclo PDCA contribuiu na redução de custos e na qualidade do atendimento prestado, pois, na medida do possível, centralizou as solicitações. A redução de custos foi, em média, de R$ 2.953,76 em um mês - valor que pode ser utilizado de maneira mais correta, não apenas com solicitações extras.


■ CONCLUSÃO

O ciclo PDCA permitiu a tomada de decisões tendo como foco o paciente, diminuindo o stress familiar, o desgaste multiproi ssional e favorecendo a excelência no atendimento e qualidade do serviço prestado.  Conclui-se, com isso, que é possível melhorar a ação gerencial através da intermediação da enfermeira visitadora, que deve ter o controle das solicitações com auxílio das famílias e auxiliares de enfermagem, visando um melhor atendimento e redução de custos extras.

■ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Hunter JC. O monge e o executivo, uma história sobre a essência da Liderança. 17ºEd. Rio de Janeiro (RJ): Editor Sextante, 2004.

Fleury A, Fleury MAT. Estratégias Empresariais e Formação de Competências. 2ª. Ed.São Paulo (SP): Editora Atlas, 2002.

Acessado em 14/07/2008 : pesquisa no www.google.com.br
www.sspj.go.gov.br/policia-comunitaria/aulas-do-curso/gestao-qualidade/material-de-apoio.doc -

Acessado em 15/07/08: pesquisa no www.google.com.br
http://paginas.terra.com.br/negocios/processos2002/ciclo_pdca.htm

DEMING, W. E. Qualidade: A Revolução da
Administração. Rio de Janeiro: Marques
Saraiva, 1990.

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