sexta-feira, 30 de março de 2012
Exemplos do pensamento lean ou como a formação limita a capacidade criativa das pessoas
Pense lean, seja ágil.
Caso 1. A NASA :
Quando, antes dos anos 1960, a NASA iniciou o envio de astronautas para o espaço, advertiram que as suas esferográficas não funcionariam à gravidade zero, dado que a tinta não desceria à superfície onde se desejaria escrever.
Ao fim de 6 anos de testes e investigações, que exigiu um gasto de 12 milhões de dólares, conseguiram desenvolver uma esferográfica que funcionava em gravidade zero, debaixo de água, sobre qualquer superfície incluindo vidro e num leque de temperaturas que iam desde abaixo de zero até 300 graus centígrados.
Os Russos, pelo seu lado, esqueceram e descartaram as esferográficas e, simplesmente deram lápis às suas tripulações para que pudessem escrever sem problemas.
Caso 2. O EMPACOTADOR DE SABONETES :
Em 1970, um cidadão japonês enviou uma carta a uma fábrica de sabonetes de Tóquio, reclamando ter adquirido uma caixa de sabonetes que, ao abri-la, estava vazia. A reclamação colocou em marcha todo um programa de gestão administrativa e operativa; os engenheiros da fábrica receberam instruções para desenhar um sistema que impedisse que este problema voltasse a repetir-se. Depois de muita discussão, os engenheiros chegaram ao acordo de que o problema tinha sido desencadeado na cadeia de empacotamento dos sabonetes, onde uma caixita em movimento não foi cheia com o sabonete respectivo.
Por indicação dos engenheiros desenhou-se e instalou-se uma sofisticada máquina de raios "X" com monitores de alta resolução, operada por dois trabalhadores encarregados de vigiar todas as caixas de sabonete que saíam da linha de empacotamento para que, dessa maneira se assegurasse de que nenhuma ficaria vazia. O custo dessa máquina superou os 250,000 dólares.
Quando a máquina de raios "X" começou a falhar ao fim de cinco meses de ser operada pelos três turnos da empresa, um trabalhador da área de empacotamento pediu emprestada uma ventoinha e apenas a apontou na direcção da parte final da passadeira transportadora. Á medida que as caixinhas avançavam nessa direcção, as que estavam vazias simplesmente saíam voando da linha de empacotamento, por estarem mais leves.
Caso 3. O HOTELEIRO de NY :
O director geral de uma cadeia hoteleira americana viajou pela segunda vez para Seul no espaço de um ano; ao chegar ao hotel onde devia hospedar-se foi recebido calorosamente com um "Seja benvindo novamente Senhor, que bom é vê-lo uma vez mais no nosso hotel". Duvidando de que o recepcionista tivesse tão boa memória e surpreendido pela recepção, propôs-se que - no seu retorno a New York - imporia igual sistema de tratamento ao cliente na cadeia hoteleira que administrava. No seu regresso convocou e reuniu todos os seus gerentes pedindo-lhes para desenvolver uma estratégia ad-hoc para tal pretensão.
Os gerentes decidiram implementar um software de reconhecimento de rostos, base de dados actualizada dia a dia, câmaras especiais, com um tempo de resposta em micro segundos, assim como a pertinente formação dos empregados, etc., cujo custo aproximado seria de 2.5 milhões de dólares. O director geral descartou a ideia devido aos elevados custos. Meses depois, na sua terceira viagem a Seul, tendo sido recebido da mesma maneira, ofereceu uma boa gratificação ao recepcionista para que lhe revelasse como o faziam.
O recepcionista disse-lhe então: "Repare senhor, aqui temos um acordo com os taxistas do aeroporto; durante o trajecto eles perguntam ao passageiro se já antes se hospedou neste hotel, e, se a resposta é afirmativa, eles, à chegada ao Hotel, depositam as malas do hóspede do lado direito do balcão de atendimento. Se o cliente chega pela primeira vez, as suas malas são colocadas do lado esquerdo. O taxista é gratificado com um dólar pelo seu trabalho.
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quarta-feira, 28 de março de 2012
The Seven Dimensions of Culture Understanding and Managing Cultural Differences
What distinguishes one culture from another?
Many of us work routinely with people from other cultures and backgrounds.
Often this goes well, and the cultural differences are interesting and enriching. However, sometimes things can go wrong, for reasons that we may not understand.
This is where it's important to understand the differences between cultures, so that we can work with people more effectively, and prevent misunderstandings.
Trompenaars and Hampden-Turner's Seven Dimensions of Culture help us do this. We'll look at the seven dimensions in this article, and we'll explore how you can apply the model in your own situation.
About the Model
The Seven Dimensions of Culture were identified by management consultants Fons Trompenaars and Charles Hampden-Turner, and the model was published in their 1997 book, "Riding the Waves of Culture."
Trompenaars and Hampden-Turner developed the model after spending 10 years researching the preferences and values of people in dozens of cultures around the world. As part of this, they sent questionnaires to more than 46,000 managers in 40 countries.
They found that people from different cultures aren't just randomly different from one another; they differ in very specific, even predictable, ways. This is because each culture has its own way of thinking, its own values and beliefs, and different preferences placed on a variety of different factors.
They concluded that what distinguishes people from one culture compared with another is where these preferences fall on each of the following seven dimensions:
- Universalism versus particularism.
- Individualism versus communitarianism.
- Specific versus diffuse.
- Neutral versus emotional.
- Achievement versus ascription.
- Sequential time versus synchronous time.
- Internal direction versus outer direction.
(We'll look at each dimension in detail below.)
You can use the model to understand people from different cultural backgrounds better, so that you can prevent misunderstandings and enjoy a better working relationship with them. This is especially useful if you do business with people from around the world, or if you manage a diverse group of people.
The model also highlights that one culture is not necessarily better or worse than another; people from different cultural backgrounds simply make different choices.
However, the model doesn't tell you how to measure people's preferences on each dimension. Therefore, it's best to use it as a general guide when dealing with people from different cultures.
Applying the Model
Let's look at each of the dimensions in detail, and explore some of the strategies that you can use with people who fit the characteristics highlighted in each dimension.
Note 1:
For each dimension, we've included some of the national cultures that Trompenaars and Hampden-Turner identified as having a preference at each extreme of that particular dimension. You can use this as a general guide, but remember to treat people as individuals, and to avoid stereotyping.
For each dimension, we've included some of the national cultures that Trompenaars and Hampden-Turner identified as having a preference at each extreme of that particular dimension. You can use this as a general guide, but remember to treat people as individuals, and to avoid stereotyping.
Note 2:
This model doesn't take into account people's personal experiences or differences between sub-cultures within the country, so bear this in mind when you're applying the model. This is especially relevant in today's global environment, where people can be influenced by many different cultures.
This model doesn't take into account people's personal experiences or differences between sub-cultures within the country, so bear this in mind when you're applying the model. This is especially relevant in today's global environment, where people can be influenced by many different cultures.
Note 3:
Be sensible in how you apply these strategies. In practice, there will be many other factors that will have a bearing on how you manage people and communicate with them.
Be sensible in how you apply these strategies. In practice, there will be many other factors that will have a bearing on how you manage people and communicate with them.
1. Universalism Versus Particularism
(Rules Versus Relationships)
Characteristics
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Strategies
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Universalism
| People place a high importance on laws, rules, values, and obligations. They try to deal fairly with people based on these rules, but rules come before relationships. |
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Particularism
| People believe that each circumstance, and each relationship, dictates the rules that they live by. Their response to a situation may change, based on what's happening in the moment, and who's involved. |
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Typical universalist cultures include the U.S., Canada, the U.K, the Netherlands, Germany, Scandinavia, New Zealand, Australia, and Switzerland.
Typical particularistic cultures include Russia, Latin-America, and China.
2. Individualism Versus Communitarianism
(The Individual Versus The Group)
Characteristics
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Strategies
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Individualism
| People believe in personal freedom and achievement. They believe that you make your own decisions, and that you must take care of yourself. |
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Communitarianism
| People believe that the group is more important than the individual. The group provides help and safety, in exchange for loyalty. The group always comes before the individual. |
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Typical individualist cultures include the U.S., Canada, the U.K, Scandinavia, New Zealand, Australia, and Switzerland.
Typical communitarian cultures include countries in Latin-America, Africa, and Japan.
3. Specific Versus Diffuse
(How Far People Get Involved)
Characteristics
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Strategies
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Specific
| People keep work and personal lives separate. As a result, they believe that relationships don't have much of an impact on work objectives, and, although good relationships are important, they believe that people can work together without having a good relationship. |
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Diffuse
| People see an overlap between their work and personal life. They believe that good relationships are vital to meeting business objectives, and that their relationships with others will be the same, whether they are at work or meeting socially. People spend time outside work hours with colleagues and clients. |
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Typical specific cultures include the U.S., the U.K., Switzerland, Germany, Scandinavia, and the Netherlands.
Typical diffuse cultures include Argentina, Spain, Russia, India, and China.
4. Neutral Versus Emotional
(How People Express Emotions)
Characteristics
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Strategies
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Neutral
| People make a great effort to control their emotions. Reason influences their actions far more than their feelings. People don't reveal what they're thinking or how they're feeling. |
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Emotional
| People want to find ways to express their emotions, even spontaneously, at work. In these cultures, it's welcome and accepted to show emotion. |
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Typical neutral cultures include the U.K., Sweden, the Netherlands, Finland, and Germany.
Typical emotional cultures include Poland, Italy, France, Spain, and countries in Latin-America.
5. Achievement Versus Ascription
(How People View Status)
Characteristics
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Strategies
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Achievement
| People believe that you are what you do, and they base your worth accordingly. These cultures value performance, no matter who you are. |
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Ascription
| People believe that you should be valued for who you are. Power, title, and position matter in these cultures, and these roles define behavior. |
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Typical achievement cultures include the U.S., Canada, Australia, and Scandinavia.
Typical ascription cultures include France, Italy, Japan, and Saudi Arabia.
6. Sequential Time Versus Synchronous Time
(How People Manage Time)
Characteristics
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Strategies
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Sequential Time
| People like events to happen in order. They place a high value on punctuality, planning (and sticking to your plans), and staying on schedule. In this culture, "time is money," and people don't appreciate it when their schedule is thrown off. |
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Synchronous Time
| People see the past, present, and future as interwoven periods. They often work on several projects at once, and view plans and commitments as flexible. |
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Typical sequential-time cultures include China, Russia, and Mexico.
Typical synchronous-time cultures include Japan, Canada, Norway, the U.K., and the U.S.
7. Internal Direction Versus Outer Direction
(How People Relate to Their Environment)
Characteristics
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Strategies
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Internal Direction
(This also known as having an internallocus of control.) | People believe that they can control nature or their environment to achieve goals. This includes how they work with teams and within organizations. |
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Outer Direction
(This also known as having an externallocus of control.) | People believe that nature, or their environment, controls them; they must work with their environment to achieve goals. At work or in relationships, they focus their actions on others, and they avoid conflict where possible. People often need reassurance that they're doing a good job. |
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Typical internal-direction cultures include Israel, the U.S., Australia, New Zealand, and the U.K.
Typical outer-direction cultures include China, Russia, and Saudi Arabia.
Tip 1:
Hofstede's Cultural Dimensions is another model that can help you to understand different cultures. The advantage of Hofstede's model is that his research included only employees from one organization – IBM – so his findings are unlikely to be affected by differences in company culture. The disadvantage is that the culture of this company may skew more general results.
Hofstede's Cultural Dimensions is another model that can help you to understand different cultures. The advantage of Hofstede's model is that his research included only employees from one organization – IBM – so his findings are unlikely to be affected by differences in company culture. The disadvantage is that the culture of this company may skew more general results.
Tip 2:
To learn more about managing and working with people from specific countries and cultures, see our Managing Around the World menu, and listen to our Expert Interviews with Terri Morrison and Michael Schell.
To learn more about managing and working with people from specific countries and cultures, see our Managing Around the World menu, and listen to our Expert Interviews with Terri Morrison and Michael Schell.
Key Points
The Seven Dimensions of Culture model was created by Fons Trompenaars and Charles Hampden-Turner, and was published in their book, "Riding the Waves of Culture."
The model says that what distinguishes people from one culture compared with another is where their preferences fall on each of the following seven dimensions:
- Universalism versus particularism.
- Individualism versus communitarianism.
- Specific versus diffuse.
- Neutral versus emotional.
- Achievement versus ascription.
- Sequential time versus synchronous time.
- Internal direction versus outer direction.
You can use the model to understand people from different cultural backgrounds better, so that you can work with them more effectively, and prevent misunderstandings.
Be sensible in how you apply the model. Treat people as individuals, and remember that there are many factors that will have a bearing on how you communicate and interact with other people.
terça-feira, 27 de março de 2012
Laserterapia Associada ao Tratamento da Paralisia Facial de Bell
Vinicius Nery Viegas*, Paulo Eduardo Kreisner**,
Cristiana Mariani***, Rogério Miranda Pagnoncelli****
Centro de Laser da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil
* Mestrando em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
**Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (PUCRS). Mestrando em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (PUCRS).
*** Acadêmica do VII semestre da Faculdade de Odontologia da PUCRS.
****Professor Doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Coordenador do Centro de Laser da Faculdade de Odontologia da PUCRS.
Resumo: Paralisia facial de Bell é definida como uma paralisia periférica do nervo facial, do tipo idiopática e de início repentino. É considerada a mais comum causa de paralisia associada a este nervo. A fisioterapia e a administração de corticosteróides e antivirais são as formas terapêuticas mais aceitas actualmente.
O laser não ablativo pode induzir o metabolismo do tecido nervoso injuriado a produzir proteínas favoráveis ao seu crescimento, aumentando sua capacidade de regeneração (função nervosa estimulada).
O objectivo deste trabalho é relatar um caso clínico, no qual a laserterapia, associada ao tratamento com
corticosteróide e fisioterapia mostrou-se efectiva na recuperação dos movimentos da musculatura da mímica facial em uma paciente com Paralisia facial de Bell.
Palavras-Chave: Bioestimulação; Laser de baixa intensidade; Paralisia facial de Bell
Abstract: Bell’s palsy is defined as an idiopathic peripheral facial nerve paralysis of sudden onset and is considered the most common cause of facial paralysis. Physiotherapy, corticosteroid and antiviral therapy have become the most widely accepted treatments for Bell’s palsy.
The low level laser therapy (LLLT) can induce the metabolism of injured tissue nervous to produce proteins
associated with your growth and improve the nerve regeneration capacity (nerve function stimulated).
The aim of this work is to report a clinical case in which the LLLT, associated with corticoid therapy and
physiotherapy was effective to recover the facial movement in a patient with Bell’s palsy
Key-words: Bell’s palsy; Biostimulation; Low level laser
(Vienas VN, Kreisner PE, Mariani C, Pagnoncelli RM. Laserterapia Associada ao Tratamento da Paralisia Facial de Bell. Rev Port Estomatol Cir Maxilofac 2006;47:43-48)
INTRODUÇÃO
Paralisia facial de Bell é definida como uma paralisia periférica do nervo facial, do tipo idiopática e de início repentino. É considerada a mais comum causa de paralisia associada a este nervo(1). Consiste no acometimento do sétimo nervo craniano, de forma aguda, podendo ser precedida por dor na região mastoidiana, resultando em paralisia completa ou parcial da mímica facial. Suas manifestações clínicas dependem do grau de comprometimento das fibras nervosas(2). Podem estar associados distúrbios de gustação, salivação e lacrimejamento(3).
Estima-se que a incidência da paralisia de Bell seja de 20 a 30 casos por 100 mil habitantes, com prevalência ligeiramente maior entre as mulheres(2). É rara antes dos 10 anos de idade e sua incidência é bimodal, com picos na terceira e oitava décadas de vida, dependendo da distribuição etária da população. Como factores de risco associados à ocorrência da paralisia de Bell têm sido relatados hipertensão arterial, diabetes melittus, gravidez, puerpério e infecção pelo vírus Herpes tipo I(3).
O diagnóstico da paralisia de Bell é essencialmente clínico, porém é um diagnóstico de exclusão. O exame físico do paciente deve demonstrar um envolvimento difuso do nervo facial, exame otoscópico normal com ausência de vesículas ou outras anormalidades na pele ou massas tumorais nas glândulas parótidas(4).
Alguns pacientes com esta paralisia facial, quando examinados pela ressonância magnética, podem apresentar captação de contraste pelo nervo facial afectado(5).
O estudo neurofisiológico completo pode estabelecer um prognóstico adequado para esta condição(6,7).
O tratamento da paralisia de Bell visa promover a recuperação completa da função da musculatura da mímica facial e prevenir a degeneração de fibras nervosas e suas possíveis sequelas(2).
A terapêutica proposta deve incluir, além da fisioterapia, a protecção ocular, para evitar complicações sérias como a úlcera de córnea. Está indicado o uso frequente de solução oftálmica estéril lubrificante. Com o objectivo de promover a regeneração nervosa, medicamentos como vitamina do complexo B, prednisona (corticosteróide) e aciclovir (antiviral) podem ser administrados. O uso concomitante de antiviral e corticosteróide deve ser instituído nos casos com prognóstico mau. Ainda assim, nenhuma destas condutas medicamentosas está consagrada(8).
Segundo HATO et al.(1), mais de 10% dos pacientes com paralisia de Bell não normalizam sua capacidade de movimentação dos músculos inervados pelo nervo facial, quando tratados somente com corticos-teróides. Os autores investigaram os efeitos da associação do aciclovir no tratamento da paralisia de Bell. Este antiviral interage com a DNA polimerase do vírus do Herpes tipo I e inibe a replicação de seu DNA.
Neste estudo, a recuperação da actividade motora da mímica facial nos pacientes tratados com prednisolona e aciclovir foi de 95,7%, enquanto que nos pacientes tratados somente com corticosteróides, a recuperação foi de 88,6%.
Os pacientes tratados com a terapia combinada antes de três dias do início das manifestações clínicas obtiveram 100% de recuperação. Após quatro dias, a recuperação completa foi de 86,2%. O melhor prognóstico do quadro está associado a um diagnóstico precoce e ao início da terapia medicamentosa(1).
Os lasers não cirúrgicos ou de baixa intensidade possuem uma série de efeitos biológicos quando interagem com os tecidos. Para o tratamento da paralisia facial de Bell podemos destacar o aumento da amplitude dos potenciais de acção (função nervosa estimulada) e a capacidade de aceleração de regeneração de estruturas nervosas(9). MILORO et al.(10) destacam a efectividade do emprego do laser não cirúrgico (Arseneto de Gálio e Alumínio ou GaAlAs 830nm) na regeneração neural do nervo alveolar inferior em ratos. Da mesma forma, SNYDER et al.(11), através de estudos de biologia molecular, sustentam que a laserterapia (633nm) aumenta os índices de regeneração nervosa, reinervação e sobrevivência neuronal após rompimento dos axónios.
SHAMIR et al.(12) em estudo experimental em ratos, realizaram a secção do nervo ciático e posterior anastomose.
Durante 21 dias de pós-operatório, o grupo teste recebeu irradiação diária com laser (780nm). Resposta somatosensorial positiva foi encontrada em 69,2% dos animais que receberam laser, em comparação com 18,2% do grupo controle não irradiado. A análise imunohistoquímica indicou aumento do número total de axónios e da qualidade do processo de regeneração no grupo irradiado.
KHULLAR et al.(13) induziram, mecanicamente, degeneração axonal no nervo ciático de ratos e realizaram aplicações de laser (GaAlAs 830 nm) com o objectivo de avaliar a recuperação da condução nervosa e função motora. A energia transmitida ao tecido foi de 6J, diariamente, por 28 dias. O grupo controle recebeu irradiação placebo. Com 21 dias após a injúria, a avaliação da função nervosa demonstrou resultados favoráveis à laserterapia.
O objectivo deste trabalho é relatar um caso clínico no qual uma paciente que apresentava paralisia facial de Bell ao comparecer no Centro de Laser da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) foi submetida à irradiação com laser não cirúrgico. O emprego da laserterapia de baixa potência, associado à terapêutica medicamentosa e fisioterapia, contribuiu para a reversão do quadro.
CASO CLÍNICO
Paciente do sexo feminino com 29 anos de idade compareceu ao Centro de Laser da Faculdade de Odontologia da PUCRS apresentando paralisia da musculatura da mímica facial na hemiface direita.
No dia seguinte às primeiras manifestações clínicas a paciente procurou um médico neurologista que lhe diagnosticou uma paralisia facial de Bell.
O tratamento proposto foi de fisioterapia da musculatura facial, três vezes por semana, uso de pomada oftálmica e terapia com corticosteróides. A paciente fez uso diário de Prednisolona (30 mg), em dose única, por quatro dias. No quinto dia a dose foi reduzida para 20 mg, por mais dois dias e foi sendo reduzida à metade por mais seis dias.
Após seis sessões de fisioterapia e dez dias de uso de Prednisolona a paciente apresentou melhoras discretas na paralisia dos músculos da mímica facial. Neste momento, a paciente procurou o Centro de Laser e a laserterapia foi instituída.
Primeiramente, foi realizada nova avaliação do grau de paralisia da hemiface direita. A paciente relatava melhora discreta do quadro inicial, mas ainda apresentava dificuldade de movimentação da boca e hipotonicidade do lado direito da face (Figura 1).
Para aumentar a efectividade da laserterapia, foi marcado na face do paciente, com o auxílio de um eletropuntor (Figura 2), o que seria o trajecto dos cinco ramos principais do nervo facial e alguns pontos correspondentes às inserções dos músculos acometidos pela paralisia (Figura 3).
A aplicação de laser seguiu o seguinte protocolo por quatro sessões, com intervalo de 48h, de acordo com o mapeamento realizado (Figura 4): 2J/cm2 nos pontos vermelhos (região muscular) com laser vermelho (HeNe, 635nm, 50mW, 72Hz).
Nos pontos marcados com caneta azul foi empregue 2J/cm2 com laser infravermelho (GaAlAs, 830nm, 50mW, 72Hz). Completando o protocolo, nos trajectos azuis (correspondentes aos principais ramos do nervo facial) foi utilizado 1J/cm2, em varredura, com laser vermelho. Na segunda sessão apresentou uma melhora geral do quadro, com rosto menos hipotónico e asa nasal direita com maior movimentação.Para a terceira e quarta sessões, o mesmo protocolo foi mantido, porém nos pontos próximos ao olho direito a densidade de energia aumentou de 2 para 3J/cm2.
O controle clínico de 40 dias do início da laserterapia mostra a paciente com os movimentos da musculatura da mímica facial normalizado (Figuras 5 e 6).
DISCUSSÃO
A paralisia de Bell resulta de uma disfunção motora do nervo facial, cujo grau pode variar de discreta até completa paralisia. O objectivo do tratamento seria a recuperação dos movimentos faciais e a prevenção da degeneração nervosa(2).
Diversas modalidades de tratamento têm sido descritas, tais como uso de corticosteróides(2), antivirais(1), acupuntura (14), fisioterapia(15), descompressão transmastóide(16), laserterapia(9) entre outras.
O uso de corticosteróides tem sido a modalidade mais aceita actualmente. RAMSEY et al.(2) após um estudo de meta-análise para avaliação da efectividade do uso destes fármacos para o tratamento da paralisia facial de Bell, concluíram que os corticosteróides promoveram, de maneira clínica e estatisticamente significativa, recuperação da função da musculatura da mímica facial. A potente acção antiinflamatória dos corticosteróides pode minimizar o dano às fibras nervosas e melhorar o prognóstico dos pacientes que possuem esta condição(17).
Teorias relacionadas à etiologia da paralisia facial de Bell têm sido propostas e investigadas, de forma que o Herpes Vírus Simples (HSV) é apontado como o principal patógeno em investigações biomoleculares recentes(18). MURAKAMI et al.(19) detectou genoma do HSV em fluidos do nervo facial em 79% dos pacientes com paralisia de Bell.
Além disso, reactivação do Vírus varicela Zoster (VZV) foi detectada em 29% de pacientes com a paralisia(18). HATO et al.(1) acreditam na etiologia viral da paralisia.
Segundo os autores, muitos pacientes com paralisia de Bell não normalizam sua capacidade de movi-mentação dos músculos inervados pelo nervo facial, quando tratados somente com corticosteróides. Portanto, eles recomendam que o diagnóstico seja realizado o mais cedo possível, e que o tratamento seja realizado não só com Prednisolona, mas também como antivirais, como o Aciclovir.
Por outro lado, LEJEUNE et al.(20) não encontraram benefícios na associação de antiviral e corticosteróide para o tratamento de paralisia facial de Bell.
A laserterapia também tem sido apresentada como outra modalidade de tratamento, na maioria das vezes de forma coadjuvante da terapia convencional.
Para o tratamento da paralisia facial de Bell utiliza-se o laser para a obtenção de um aumento da amplitude dos potenciais de acção (função nervosa estimulada) e a capacidade de aceleração de regeneração de estruturas nervosas (9).
Uma possível hipótese para o mecanismo pela qual a luz do laser possa estimular a reinervação de tecidos é sua penetração nos axónios ou nas células de Schwann adjacentes, induzindo o metabolismo do tecido nervoso danificado a produzir proteínas associadas com o crescimento do nervo, ou lançando um factor de trofismo causando um crescimento dos nervos adjacentes não injuriados(21).
Não existem trabalhos específicos sobre paralisia facial de Bell e laserterapia. O sucesso do caso clínico deve-se ao conhecimento da etiopatogenia da doença e do mecanismo de acção do laser não cirúrgico em tecido nervoso(9,21).
Ainda assim, alguns estudos sustentam a efectividade da acção da luz laser na recuperação da condução nervosa. MILORO et al.(10) destacam a efectividade do emprego do laser não cirúrgico na regeneração neural do nervo alveolar inferior em ratos. KHULLAR et al.(13) e SHAMIR et al.(12) obtiveram resultados de recuperação da condução nervosa após degeneração axonal no nervo ciático de ratos.
Resultados semelhantes foram encontrados por SNYDER et al.(11).
CONCLUSÕES
Apesar de existirem teorias relacionadas à etiologia da paralisia de Bell, esta condição continua idiopática. Portanto, devemos instituir uma associação de modalidades terapêuticas. A fisioterapia é fundamental para a recuperação dos movimentos da mímica facial e tonicidade muscular. A terapêutica medicamentosa não deve ser, de forma alguma, substituída pelo laser. Entretanto, a laserterapia tem se mostrado capaz de optimizar a melhora do quadro clínico da paralisia, minimizando a necessidade da administração de fármacos.
Mais estudos são necessários para se chegar à forma de tratamento ideal. A laserterapia é uma alternativa de tratamento, sem contra-indicações, baseada em evidências científicas, que parece ser útil no tratamento dessa enfermidade, tendo em vista sua capacidade de aceleração da regeneração das estruturas nervosas.
BIBLIOGRAFIA
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2 - Ramsey MJ, DerSimonian R, Holtel MR, Burgess LP. Corticosteroid treatment for idiopathic facial nerve paralysis: a metaanalysis. Laryngoscope 2000;110:335-341.
3 - Valenca MM, Valenca LP, Lima MC. Idiopathic facial paralysis (Bell's palsy): a study of 180 patients Arq Neuropsiquiatr 2001;59:733-739.
4 - Hughes GB. Pratical management of Bell’s palsy. Otolaryngol Head Neck Surg 1990;102:658-663.
5 - Engstrom M, Abdsaleh S, Ablstrom H, Jonhansson L, Stalberg E, Jonsson L. Serial gadolinium-enhanced magnetic resonance imaging and assessment of facial nerve function in Bell’s palsy. Otolaryngol Head Neck Surg 1997; 117:559- 566.
6 - Medeiros JL, Nobrega JA, de Andrade LA, Novo NF. Facial electroneurography in Bell's palsy. Variability in the early stage and comparison between interpretation methods. Arq Neuropsiquiatr 1996;54:397-401.
7 - Qiu WW, Yin SS, Stucker FJ, Aarstad RF, Nguyen HH.Time course of Bell palsy. Arch Otolaryngol Head Neck Surg 1996;122:967-972.
8 - Roob G, Fazekas F, Hartung HP. Peripheral facial palsy: Etiology, diagnosis and treatment. Eur Neurol 1999;41:3-9.
9 - Gutknecht N, Eduardo CP. Laser de Baixa Intensidade. In: Gutknecht N, Eduardo CP. A Odontologia e o Laser: Actuação na Especialidade Odontológica. São Paulo: Quintessence, 2003: 217-237.
10 - Miloro M, Halkias LE, Mallery S, Travers S, Rashid RG.Low-level laser effect on neural regeneration in Gore-Tex tubes. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2002;93:27-34.
11 - Snyder SK, Byrnes KR, Borke RC, Sanchez A, Anders JJ. Quantitation of calcitonin gene-related peptide mRNA and neuronal cell death in facial motor nuclei following axotomy and 633 nm low power laser treatment. Lasers Surg Med 2002;31:216-222.
12 - Shamir MH, Rochkind S, Sandbank J, Alon M.Double-blind randomized study evaluating regeneration of the rat transected sciatic nerve after suturing and postoperative low-power laser treatment. J Reconstr Microsurg 2001;17:133-137.
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